Sentado na areia olha o mar.
O verão já passou há muito. A praia está deserta. O vento frio irrita-o. Fecha a mão num pouco de areia. Inclina-a e vê a areia a passar-lhe pelos dedos. Tantos planos, tantas ideias - o futuro já estava feito, antes mesmo de...
Levanta-se e caminha até à água.
Grita contra o fado, destino, pathos, o que quer que seja que lhe estragou a vida. Fica ali parado durante alguns minutos. O vento seca-lhe o rosto.
Baixando-se agarra em mais alguns grãos de areia. Abre a mão e vê o vento sacudi-los. Olha para a mão e sorri. Há grãos de areia que não foram levados pela força eólica.
"Vou ser um destes grãos de areia, seguro apesar da violência das circunstâncias."
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