Friday, May 08, 2009

Passa, passas, passou?

O tempo passa. Passa por nós, por onde andamos e é das coisas mais subjectivas que existem.
Às vezes um minuto parece demorar uma eternidade, outras parece um segundo, a favor do tempo, parece que há alturas em que o minuto parece mesmo demorar um minuto.
Mas, avancemos.
O tempo passa, e nós? Estou no mesmo sítio onde há dez anos te conheci. Sou o mesmo? Claro que não! Onde andas tu? O que fazes? Não sei. Há algum tempo que não pensava em ti...
E como as coisas mudaram. Lembro-me de uma altura em que mesmo que quisesse não o podia deixar de fazer. O outro dia quando me apresentaram alguém, extremamente parecida contigo, olhei para essa pessoa largos segundos, se é que os segundos se alargam, e só quando o nome dela se afundou em mim tive a certeza de ser outra que não tu.
O tempo passa? Passa. E por mais que a situação nos pareça fútil ou importante, ele limpa-nos, circuncida-nos.
A partir de quando te afastaste nos meus pensamentos? Quando deixei de pensar em ti? Toldaste-me dias inteiros, zanguei-me com o mundo, com os meus amigos, com quem não conhecia quando, depois de marcarmos um encontro, não nos víamos. Outros tempos... Sem telemóvel, sem carro. Será que hoje seria diferente?
Antigamente colocavam o amor nas mãos de Cupido, depois de colocarem o amor nas mãos dos interesses das famílias ou clãs. Colocarão hoje alguns o amor nas tecnologias?
Mas falo de amor... e tenho de colocar-me a questão "Amei-te?"
Sentia-me inebriado na tua presença. Sempre que te via, perdia-me no futuro, sem atentar no presente. Não me sentia atraído sexualmente, sentía-me atraído por ti, achava-te a mulher, perdão, a miúda mais gira que conhecia. Infelizmente, a velha máxima servia-te. Eras um pouco tola. E talvez fosse isso. Mas, amei-te?
Não sei porque é que estou aqui, frente a um monitor, de noite. Quando todos fazem silêncio e muitos descansarão, escrevo isto.
Sei que casaste. Pouco mais sei. Eu? Aqui estou, solteiro convicto, com amigos verdadeiros, mas com pena de não ter mais gente a morar neste velho apartamento.
Quando me apresentaram aquela mulher, senti algo dentro de mim a mexer. Percebi que os adeptos dos blind dates, encontros amorosos tentavam fazer de cupido. Era ela linda, inteligente e muito divertida. Eu, na primeira oportunidade, saí da festa.
Porquê?
Devo estar parvo, se é que não o sou. Mas quando senti o coração bater mais rápido...
...
tive medo. Não adivinhas, pois não? Tive medo não de alguma coisa poder acontecer ou deixar de acontecer. Tive medo de...te ver nela.
Não rias ou sorrias sequer. Já passei por isso. Gostar de alguém por me lembro de ti, gostar não dela, mas de ti, olhar para ela e ver-te a ti, como o reflexo de um espelho. Tive medo que na minha mente ela já não fosse quem ela é, mas sempre tu.
Estou louco, velho, demasiado só?
O tempo passa. Mas às vezes faz gazeta, acredita no que te digo. Por muito que me custe, tu ainda não passaste por mim.

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